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2016/18/02
Risco País e Estudos Económicos

Taxa de juro em capital de giro seguirá em alta frente à disparada dos calotes.

A taxa de juros em linhas de capital de giro com recursos livres nos bancos comerciais seguirá em alta em 2016. A preocupação das instituições financeiras está relacionada a disparada da inadimplência.

 

Na avaliação de especialistas do setor de crédito consultados pelo DCI, os juros em linhas de capital de giro para empresas podem subir mesmo com a estabilidade da Selic (taxa básica de juros) e constatada elevada liquidez de recursos nos bancos.

“A tendência é de alta nos juros. O risco de conceder crédito aumentou muito. Observa-se queda de faturamento em todos os setores da economia, o que aumenta a i n a d i m p l ê n c i a”, resume o diretor de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira.

 

Em argumentação semelhante, Eduardo Tambelline, sócio da consultoria G oOn Gestão de Crédito, afirma que inadimplência em linhas de capital de giro é crescente e que os bancos comerciais estão apertando a concessão. “É um cenário realista”, diz.

 

Os dados do Banco Central mostram que o calote em linhas de capital de giro com recursos livres avançou 0,7 ponto percentual no ano passado, de 3,9% em dezembro de 2014 para 4,6% em dezembro de 2015. No rotativo do capital de giro, a inadimplência saltou 1,6 ponto percentual, de 6,5% para 8,1% em igual período de comparação. Ao mesmo tempo, as taxas para capital de giro com recursos livres e prazo abaixo de 365 dias subiram 4,6 pontos percentuais para 25% ao ano em de 2015, ante 20,4% em 2014. No rotativo do capital de giro com recursos livres, a taxa saltou 13,2 pontos percentuais, de 31,7% ao ano em 2014 para 44,9% ao ano no final de 2015.“A taxa de juros do rotativo é bem maior, e está relacionada ao aumento da inadimplência”, confirma a economista- chefe para América Latina da Coface Patricia Krause. A economista diz que a inadimplência da indústria, de serviços e do comércio está em elevação por causa do agravamento da crise econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) tende ao segundo ano de queda forte em 2016. “Temos recorde de recuperações judiciais”, argumenta Patricia. As constantes recuperações judiciais deixam os bancos ainda mais cautelosos, pois os anúncios pegam as instituições financeiras de surpresa antes mesmo da entrada na lista de credores a receber. Patricia lembrou que o pacote de R$ 5 bilhões de capital de giro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciado no início de fevereiro é insuficiente para atender as pequenas e médias empresas. “O volume do BNDES representa menos de 2% do volume em capital de giro no mercado.” Ela tem razão. No ano passado, o BNDES concedeu apenas R$ 3,637 bilhões em capital de giro com recursos direcionados, montante que representava uma queda de 36% em relação aos R$ 5,743 bilhões concedidos em 2014. Para efeito de comparação, os bancos comerciais giraram R$ 255,885 bilhões em capital de giro com recursos livres em 2015, montante 10% menor que o registrado em 2014. Mas por outro lado, as taxas de juros cobradas pelo BNDES em linhas de capital de giro são bem inferiores a do mercado livre. No programa de Apoio ao Fortalecimento da Capacidade de Geração de Emprego e Renda (Progeren), as micro e pequenas empresas com faturamento anual de até R$ 16 milhões conseguem juros de 11,67% ao ano, um desconto de 25% nesse pacote federal.

 

 

Demanda menor

E as médias empresas com faturamento até R$ 90 milhões encontram juros de 14,71% ao ano no BNDES. “As empresas também não estão propensas a tomar crédito. Os estoques estão elevados, e todos os ramos estão apresentando retração nas vendas. Não há porque investir”,

diz Oliveira, da Anefac. Na visão do CEO da Brasil Factors, João Costa Pereira, ainda há algum espaço para operações com recebíveis (FIDCs). “Mas empresas que não tinham dificuldade no passado, agora apresentam atrasos nos pagamentos”, diz.

Levantamento de janeiro do Si m p i (sindicato da micro e pequena indústria) mostrou que para 58% de 302 empresários da indústria, o capital de giro tomado foi muito pouco ou insuficiente, e 23% dos consultados recorreram ao cheque especial para obter recursos.

 

 

Por: Ernani Fagundes
Fonte: Jornal DCI - http://www.dci.com.br/financas/-taxa-de-juro-em-capital-de-giro-seguira-em-alta-frente-a---disparada-dos-calotes------id528197.html
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