Notícias & Publicações
2016/25/04
Risco País e Estudos Económicos

Com possível mudança de governo, investidor deve ter cautela.

A expectativa de fim para a crise política, que tomou conta dos país nos últimos meses e de quebra ainda serviu para agravar a recessão econômica, pode se transformar em uma oportunidade para o investidor repensar quais são as melhores alternativas de aplicação durante essa mudança de cenário. O ambiente ainda requer cautela, mas especialistas afirmam que já é possível fazer algumas modificações na alocação dos recursos visando ganhos melhores no futuro. Essas oportunidades estão disponíveis tanto para o investidor mais conservador como para aqueles que têm maior apetite a risco, diante da crescente possibilidade de um impeachment da presidente Dilma Rousseff. Com a mudança de governo, afirmam analistas, poderá haver uma retomada da confiança, que pode gerar maior consumo e investimentos, e gradualmente a volta do crescimento da economia. Na avaliação de Roberto Indech, analista da corretora Rico, é a velocidade da atuação da nova equipe econômica que irá determinar esse grau de retomada — deixando mais claro aos investidores onde é melhor deixar suas economias.

 

— Neste momento, não acredito em uma reviravolta no cenário político, mas algumas questões precisam ser ponderadas. A Bolsa subiu muito nas últimas semanas com a expectativa de saída da presidente Dilma. Mas com a entrada de Temer, quais reformas serão realizadas? Vamos ter um governo de coalização? Então vemos que há oportunidades, mas é preciso prudência — avaliou.

 

O principal índice da Bolsa, o Ibovespa, acumulava até o dia 20 de abril alta de 23,7%. As projeções para a cotação do câmbio também já foram alteradas para baixo. De mais de R$ 4,30, agora já estão em torno de R$ 3,80. Da mesma forma, também é esperada uma redução da taxa de juros básica, a Selic, atualmente em 14,25% ao ano.

 

 

BOLSA JÁ SUBIU 30% ESTE ANO

 

Para os mais conservadores, os investimentos atrelados a juros continuam sendo os mais atrativos, mas as aplicações pós fixadas, que seguem a Selic, podem começar a ser colocadas de lado. Isso porque a expectativa é de queda na Selic a partir do segundo semestre. A dica então é colocar parte das aplicações em títulos prefixados ou corrigidos pela inflação. Quando o cenário de queda das taxas se confirmar, os rendimentos desses papéis não serão alterados.

 

— A queda da Selic deve começar a partir do segundo semestre, com um novo governo já consolidado. Se o investidor visa um prazo maior de investimento, pode ter prêmios atrativos em títulos corrigidos pela inflação e nos prefixados. Se o foco é no curto prazo, até junho ainda compensa ficar nos pós fixados — disse Indech.

 

Roberto Kropp, diretor da Daycoval Asset Management, também avalia que a renda fixa oferece oportunidades de migração de investimento. Para pessoas físicas, ainda há a oportunidade de investir em títulos com isenção do Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos. Estão nesse rol as letras de crédito imobiliário e agrícolas (LCIs e LCAs) e as debêntures de infraestrutura. Mas, como essas são alternativas nem sempre disponíveis para quem tem volumes menores de aplicação, os títulos públicos do Tesouro Direto e os fundos DI e de renda fixa com baixa taxa de administração também são opções.

 

Para quem tem apetite maior ao risco, as aplicações em Bolsa começam a chamar a atenção. Mas, como a alta da Bovespa no ano já está elevada, Kropp recomenda entrar apenas após uma realização de lucro mais consistente, ou seja, quando houver um movimento de venda de ações que faça os preços caírem: — É sempre bom aproveitar as oportunidades de compra na hora que o mercado realiza. A Bolsa já subiu quase 30% neste ano e por isso está sujeito a essas realizações. Além de esperar por um melhor momento, os especialistas lembram que as ações respondem de forma diferente ao ambiente macroeconômico. Das que já subiram muito neste ano, estão as do setor financeiro e imobiliário. Não por acaso, os índices desses dois setores possuem ganhos acima do Ibovespa. Já o setor de consumo, afetado pela queda da renda e pelo aumento do desemprego, é o que está “andando” menos.

 

Para Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, as construtoras podem ser uma boa opção para quem tem um horizonte de longo prazo. Com a retomada da confiança, novos projetos tendem a sair do papel:

 

— As curvas de juros já estão caindo e há uma percepção de inflação menor. Isso pode trazer os investimentos e parte deles vai para esse setor. São empresas que respondem bem aos índices de confiança, e a Bolsa deve antecipar esse movimento. Independentemente da escolha, no entanto, é preciso ter em mente que a volatilidade tende a continuar. Por isso, a migração de investimentos deve ser feita de forma gradual e com o investidor atento ao noticiário. Caso ocorra o impeachment de Dilma, a escolha dos ministros por parte de Temer e a relação com o Congresso serão cruciais para a retomada do crescimento. — À medida que o impeachment ganha força, os ativos brasileiros se valorizam. O oposto também ocorre. Essa volatilidade deve continuar  no curto prazo. Não vai ter uma solução de todos os problemas econômicos a curto prazo — disse a economista chefe para a América Latina da seguradora Coface, Patricia Krause.

 

Por: Ana Paula Ribeiro
Fonte: O Globo - http://oglobo.globo.com/economia/negocios/com-possivel-mudanca-de-governo-investidor-deve-ter-cautela-19157122

Contacto


Brazil

Carolina ALMEIDA
Tel: +55 115509-8521
Email: carolina.almeida@coface.com

Início