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2015/23/09
Risco País e Estudos Económicos

Juro médio do BNDES sobe e deixa crédito mais difícil.

Juro médio do BNDES sobe e deixa crédito mais difícil.
O financiamento concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tende a ficar mais caro diante da perspectiva de déficit do Tesouro no próximo ano. As taxas de juros praticadas pelo banco já subiram 42% desde dezembro.

Na prática, desde o início de 2015, devido aos recursos escassos do Tesouro, o BNDES já tem mesclado taxas de juros subsidiadas com taxas de mercado em linhas de financiamento voltadas para o investimento produtivo. A taxa média com recursos direcionados para pessoas jurídicas saltou de 7,1% ao ano em dezembro de 2014 para 10,1% ao ano em julho de 2015.

“Frente uma estimativa de rombo do Tesouro de R$ 38,6 bilhões para 2016, a tendência é que cada vez mais, o BNDES aproxime suas linhas de financiamento de taxas de mercado”, aponta a economista-chefe para América Latina da Coface, Patrícia Krause.

Na avaliação do diretor executivo de estudos e pesquisas econômicas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, o governo mudou sua política por uma razão muito simples, os recursos para subsídios estão escassos.

“Não dá para trabalhar com taxas muito descasadas do mercado, o BNDES está reduzindo essa diferença, mas ainda são as taxas mais baratas às empresas”, considerou.

Miguel de Oliveira lembrou que o BNDES subiu gradualmente nesse ano a Taxa de Juros de Longo Prazo. A TJLP que era de 5% ao ano entre 2013 e 2014, passou para 5,5% ao ano entre janeiro e março de 2015, avançou para 6% ao ano entre abril e junho, e subiu novamente para 6,5% ao ano entre julho e setembro.

Além da taxa subsidiada, o BNDES costuma cobrar um spread (prêmio) para o banco entre 1,2% ao ano e 3% ao ano, e outras instituições financeiras repassadoras ainda podem cobrar uma taxa de intermediação bancária, que oscila na faixa de 0,5% ao ano.

Mas algumas linhas para investimentos, como, por exemplo, na aquisição de caminhões ou aeronaves, e na aquisição de outros bens voltados à produção mesclam 50% da TJLP com 50% de Selic, a taxa básica de juros da economia, que é definida em reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

“No atual momento, nada leva a crer que a gente possa ter uma queda da Selic tão cedo, ela deve continuar em 14,25% ao ano em 2015 e continuar elevada em boa parte do próximo ano”, diz Patrícia.

Além da questão dos juros mais altos, a economista alerta que as empresas não estão investindo.

“Não só o PIB [Produto Interno Bruto] está caindo, como tem sido puxado principalmente pela queda do investimento”, afirmou.

De acordo com dados do BNDES, os desembolsos recuaram 18% no primeiro semestre de 2015 para R$ 68,7 bilhões, ao passo que as consultas, que representam R$ 60,7 bilhões recuaram 47% frente igual período de 2014.

“O BNDES deveria manter o crédito para investimento, mas não tem que atender para capital de giro. As empresas podem recorrer ao mercado para buscar capital de giro”, orientou a economista da Coface.

A linha BNDES Automático para Bens de Capital está com taxas mínimas de 8% ao ano (TJLP e spreads); no segmento para Indústria e Agropecuária alcança 10% ao ano (TJLP e spreads), e nos setores de Turismo, Comércio e Serviços, o custo mínimo alcança 16% ao ano (Taxa Selic e spreads).

No segmento de pequenas e médias, o cartão BNDES alcançou taxa de 1,14% ao mês, ante 0,99% ao mês no ciclo de juros baixos em 2013 e 2014. Os desembolsos nessa modalidade somaram R$ 5,8 bilhões entre janeiro e junho de 2015, ou 8,4% do total desembolsado.

 

 

Ciclo de baixa do crédito

Para o economista-chefe da Acrefi, Nicola Tingas, vivemos um ciclo de retração do crédito na economia e o BNDES manterá o financiamento, mas sendo mais seletivo e atendendo o essencial. “O primeiro ajuste fiscal desandou ou já teria ajudado a acalmar o mercado. O dólar a R$ 4 está precificando incertezas do segundo downgrade [rebaixamento do Brasil] e do cenário político na aprovação do orçamento”, afirmou.

 

Por: Ernani Fagundes
Fonte: DCI - Diário do Comércio Indústria & Serviços

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