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2017/07/08
Publicações Económicas

Como as medidas econômicas de Trump afetam as economias da América Latina?

Como as medidas econômicas de Trump afetam as economias da América Latina?
As mudanças políticas nos Estados Unidos causaram incertezas sobre as políticas comerciais que poderiam ser implementadas e as vulnerabilidades da região com condições financeiras mais restritas.

 América Central e México são os mais impactados com as medidas protecionistas dos Estados Unidos.

 

Costa Rica, El Salvador, Honduras e México são os países mais vulneráveis a qualquer eventual medida imposta pelos Estados Unidos. Devido ao alto nível de exposição comercial destes países com os EUA (os quais, especificamente, são focados em produtos manufaturados). Além da sua exposição excessiva aos EUA, o PIB desses países é mais dependente das exportações do que outros países da região.

 

Considerando as premissas que a administração de Trump deverá focar inicialmente nos países com os quais os USA tenham um forte déficit comercial, a posição do México é particularmente delicada. Em 2016 o superávit comercial do México com os Estados unidos foi superado apenas pela China, Japão e Alemanha.

 

Dentro da região, apenas dois dos países analisados nestes focus, Equador e Colômbia, tiveram superávit comercial com os Estados Unidos em 20106. Estes dois países poderiam, portanto, ser alvo eventual da administração americana. No entanto, este cenário é pouco provável, devida a irregularidade e a fraca contribuição dos mesmos para o déficit comercial dos EUA.

 

 

NAFTA na mira

 

Incertezas sobre o tratado Norte Americano de livre comércio (NAFTA) também poderá atrasar investimentos, e reduzir principalmente o ingresso de investimentos diretos estrangeiros. Outro ponto de atenção, é a ameaça de Trump de taxar as remexas de trabalhadores Mexicanos para seus países de origens. Até o momento, esses recursos não foram impactados.

 

De acordo com o PIIE[1] se o tratado NAFTA for extinto o peso Mexicano teria uma desvalorização de mais de 25%. Os produtores de carro Mexicanos, no entanto seriam mais competitivos nos Estados Unidos, o que poderia impactar ainda mais o déficit comercial do país (o contrario do que a administração dos EUA está tentando atingir).

 

Impactos monetários

 

Mesmo se Trump for capaz de cumprir as promessas feitas durante sua campanha, é improvável que isto cause um aumento nas taxas de juros da América Latina (exceto no México). A inflação na região subiu durante o ano de 2016. Estes aumentos surgiram como pano de fundo de condições climáticas desafiadoras, que aumentaram os preços dos alimentos. No entanto, essa tendência se dissipou em 2017. Em resposta, os bancos centrais da Colômbia, do Chile, do Peru e especialmente do Brasil aliviaram suas taxas de juros de referência.

 

Para avaliar os possíveis efeitos secundários das medidas econômicas de Trump, deve se levar em consideração as dívidas nominais em moedas estrangeiras, a evolução das economias da América Latina CDS[2] e o comportamento recente das taxas de juros.

 

Com referencias as taxas de juros nominais, nenhum país na América Latina reportou maior depreciação quando Trump venceu as eleições presidenciais. Novamente, a maior volatilidade registrada foi no Peso Mexicano. Em 2016, a moeda depreciou 19% frente ao Dólar Americano, mas no começo de Janeiro deste ano ela começou a se recuperar.

 

[1] PIEE - Peterson institute for International Economics PIIE: Trump’s NAFTA Approach Could Worsen US-Mexico Trade Deficit, March 2017

[2] CDS - Credit Default Swap is a financial swap agreement that the seller of the CDS will compensate the buyer (usually the creditor of the reference loan) in the event of a loan default (by the debtor) or other credit event.

 

 

 

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