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2018/07/03
Publicações Económicas

Empresas na França: menos insolvências, mas ainda muitos "zumbis *"

Empresas na França: menos insolvências, mas ainda muitos "zumbis *"
  • Cada vez menos insolvências: cae 8,3% no final de janeiro de 2018 no período de um ano e espera-se uma redução de -3,6% em 2018
  • As pequenas empresas estão indo bem, as outras ainda melhor;
  • A taxa de insolvência [1] agora é mais baixa do que a apresentada na pré-crise.
  • Porém, o panorama está longe de ser algo agradável, devido ao alto número das empresas chamadas "zumbis", as quais encontram-se ativas, mas insolventes e improdutivas.
Menos insolvências, mas é esperada uma redução no dinamismo em 2018

O início do ano marcou uma clara melhora nos indicadores-chave das insolvências corporativas. Em janeiro de 2018, houve uma queda de 8,3% no número de empresas insolventes com 53.414 casos no período de um ano, este indicador é o menor desde outubro de 2008. Seu custo para a economia está sofrendo uma queda dupla : -15,2% para dívida com fornecedores (3,2 bilhões de euros) graças ao dinamismo das maiores empresas e -15,4% para o número de empregos afetados (156.673).

 

O forte crescimento (2% em 2017) beneficiou todos os tipos de negócios, de todas as regiões e da maioria dos setores.
  • Assim, a taxa de insolvência das pequenas empresas, que tem um volume de faturamento menor que €250.000 caiu abaixo da média nacional da França  (-5.2% vs -8.3%), as empresas com volume de faturamento acima de 1 milhão de euros caiu 24.2%, resultado obtido principalmente pela recuperação do comércio mundial.
  • Depois de quatro anos de aumento consecutivos, a situação da região da Ilha de França (aonde estão concentradas mais de 20% das insolvências) finalmente se beneficiou da melhora geral.
  • O setor de construção (-13% em um ano) representa 50% da baixa das insolvências empresariais, como resposta a baixa das taxas de juros e a confiança do consumidor em seu nível mais alto desde a crise. O mesmo também acontece com os setores impulsionados pelo consumo, como por exemplo o setor de vestuário (-13%), serviços pessoais (-6,4% baixa puxada pelo setor de comidas e bebidas) e automotivo (-5,4%). Na indústria agroalimentar, a situação é mais diversificada (apenas -0,9%) devido as pobres safras de grãos em 2016.

A expectativa da Coface é de uma diminuição menos acentuada nas insolvências corporativas em 2018: -3,6% após os -7,3% de 2017. Este ritmo menor se deve em partes pela provável desaceleração da atividade no segundo semestre do ano.

 

Empresas "Zumbis", um sintoma de desequílibrios persistentes na economia.

Ainda que o número de insolvência corporativa permaneça mais alto que no período pré-crise, a taxa de insolvência é mais baixa (1.14% em 2016 contra 1.35% em 2007) devido ao maior número de empresas existentes. É comparável com o registrado na Alemanha (1.2%) enquanto que na Itália e Espanha os procedimentos mais longos e custosos levam as empresas à recorrer as alternativas (liquidação voluntária, financiamento hipotecário) resultando em uma subestimação da taxa de insolvências a 0.3% e 0.1% respectivamente.

 

No entanto, a situação das empresas francesas é mais contrastante que a diminuição do número de falências. Se adicionarmos à taxa de insolvência as empresas "zumbis" que são insolventes ou não rentáveis (4.6% do número total, de acordo com as estimativas Coface), a participação das empresas em reestruturação é de 5.7% do número total dos negócios (até o final de 2016). Desde o final da crise, na França, o número de empresas "zumbis" não diminuiu, as quais estão ativas artificialmente, por financiamentos de baixo custo e em um contexto de uma política monetária expansionista; enquanto que na Espanha, as quais foram muito mais afetadas durante o período de crise, e começaram a diminuir desde 2013.

 

*Empresas “zumbis” (termo nascido nos Estados Unidos): Assim se denominam aquelas empresas que seguem vivas unicamente graças as ajudas externas públicas ou privadas, já que sem as mesmas já teriam morrido, devido aos seus baixos níveis de liquides e alto endividamento. Inclusive para fechar as operações de maneira formal é necessário liquidez.

 

[1] Proporção entre o número de empresas insolventes no ano e o número total das empresas.

 

 

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