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2017/12/09
Publicações Económicas

Infraestrutura: O Tendão de Aquiles do desenvolvimento da América Latina

Infraestrutura: O Tendão de Aquiles do desenvolvimento da América Latina

Durante o super-ciclo das commodities que durou mais de uma década, até cerca de 2014, as economias latino-americanas apresentaram um desempenho robusto.

O crescimento era possível mesmo no contexto de infraestrutura geralmente fraca. A maior receita das exportações de bens primários levou à expansão do consumo doméstico público e privado. A atividade ao longo destes anos foi impulsionada pelo desenvolvimento de uma classe média emergente e por governos populistas que desconsideraram a característica cíclica das commodities. O recuo nos preços internacionais, mais evidente a partir de meados de 2014, teve fortes repercussões no crescimento e vulnerabilidades expostas na região. O impacto no comércio provocou a depreciação das moedas flutuantes da América Latina em relação ao dólar Americano. Essa depreciação não foi suficiente para aumentar a competitividade dos produtos de fabricação e, em vez disso, levou à deterioração das balanças comerciais. Isso, por sua vez, provocou grandes déficits nas contas públicas da região. Após dois anos de crescimento negativo, espera-se que a atividade regional saía da recessão em 2017. No entanto, a Coface prevê um desempenho um tanto tímido, de apenas 1,2%.

 

O fraco desempenho nos últimos anos ressalta os desafios competitivos da América Latina. Estes problemas são resultados de uma combinação de diferentes fatores, incluindo normas trabalhistas, altos impostos, níveis gerais de educação e burocracia. Este panorama analisa os indicadores na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e no Peru, com foco especial nas fraquezas da infraestrutura da região, um dos principais fatores da desaceleração econômica. A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL1) estima que a região precise investir 6,2% de seu PIB anual, para o período de 2012 a 2020 (cerca de 320 bilhões de dólares), a fim de eliminar a lacuna entre a oferta e demanda. Isso está muito acima do nível atual de investimento, uma vez que nenhuma das principais economias da região está investindo mais de 3% do seu PIB em infraestrutura.

 

Com as despesas públicas sob pressão, as Parcerias Público-Privadas ganharam força na região. De acordo com oEconomist Intelligence Unit Index for PPP, o Chile, Colômbia e Brasil oferecem, respectivamente, o primeiro, segundo e terceiro melhores ambientes para parcerias públicas privadas. Em geral, o ambiente para promover essas parcerias melhorou um pouco, devido a uma melhor legislação, mas há espaço para um maior desenvolvimento. A falta de transparência, condições pouco atraentes e fontes limitadas de financiamento são apenas algumas das questões que ainda precisam ser abordadas. Por último, mas não menos importante, as obras de infraestrutura pública ainda estão associadas à corrupção em muitos países - como testemunhou a escalada de escândalos políticos recentes. Para que os investidores estrangeiros sejam atraídos, esses eventos precisam ser combatidos com sentenças mais duras.

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