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2022/29/06
Risco País e Estudos Económicos

Ásia Pacifico: As empresas asiáticas enfrentam riscos creditícios apesar da diminuição na mora dos pagamentos

Coface Asia Payments Survey 2022. Vista panorâmica da linha do horizonte da cidade de Kuala Lumpur com reflexos e um belo céu matinal, Parque Titiwangsa, Malásia.

À Pesquisa de pagamentos Coface 2022: Empresas na Ásia, realizada entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, apresenta o panorama sobre a evolução do comportamento dos pagamentos e as práticas de gestão creditícia em 2,800 empresas da região Ásia Pacifico, durante outro ano de pandemia. Os entrevistados pertencem a 9 mercados (Austrália, China, Hong Kong (RAE), Índia, Japão, Malásia, Singapura, Tailândia e Taiwan) e 13 setores na região de Ásia Pacifico.

 

 

Não houveram deteriorações das moras de pagamento, além do impacto provocado pela COVID (exceto na China)

As melhoras das condições econômicas, em 2021, contribuíram a redução dos prazos de mora dos pagamentos em toda a região – de 68 dias em 2020 a 54 dias em 2021, o patamar mais baixo em cinco anos –. A proporção dos entrevistados que enfrentaram pagamentos vencidos continuou estável (64%, frente a 65% do ano anterior). Das 9 economias contempladas na pesquisa, a mora de pagamentos diminuiu notavelmente na Malásia e em Singapura. Porém, a China foi o único país que registrou uma alta nas moras e o onde estas foram mais extensas.

No entanto, ainda há preocupações. O número de entrevistados que afirmou ter um incremento de pagamentos vencidos foi maior (35% em 2021, frente a 31% em 2020). Além disso, muitas mais empresas reportaram atrasos ultralongos nos prazos dos pagamentos (ULPD, em inglês), que contribuem ao 10% da faturação anual – a China foi o país mais afetado, mas a proporção cresceu de 27% em 2020 a 40% em 2021–. Esta situação também incrementou ligeiramente na Austrália e na Índia, embora as outras seis economias continuaram estáveis e o Hong Kong apresentou um descenso importante. Geralmente a maioria dos ULPD não são pagos, pelo que os riscos relativos ao fluxo de caixa aumentam, sobretudo quando os ULPD representam mais de 2% da faturação anual de uma empresa.

No caso dos setores, o setor metalúrgico apresentou mais casos de empresas com ULPD por cima de 10% da faturação, pelo que este setor se elevou 14 pp (23% aproximadamente), o aumento mais marcado dos 13 setores avaliados. Outros setores como: construção, TIC, transporte e têxtil, também enfrentaram riscos no fluxo de caixa mais de 30 empresas reportaram ULPD que representam mais de 2% de suas faturações anuais.

 

 

Expectativas econômicas: otimismo sustentado, mas preocupação em relação a subida dos preços dos materiais

Em geral, o otimismo continua intacto, 71% dos entrevistados esperam uma melhora no crescimento econômico em 2022. Por outro lado, o otimismo não foi compartido em toda a região. Por exemplo, em Singapura há mais otimismo em comparação com o resto da Ásia (83%, +17 pp, antecipa maior crescimento econômico). As empresas japonesas e tailandesas ―onde a recuperação foi predominante em 2021 e se fortaleceram para 2022― também estão confiantes (14 pp a mais, aumentou até 75% e 80%, respectivamente). Mas na Malásia somente 44% se mostrou otimista, pelo que houve uma queda de -20 pp, em respeito ao ano anterior, como resultado da incerteza política pela precipitação da eleição geral em 2022.

 

Quando foi perguntado aos entrevistados sobre os efeitos da COVID-19 sob suas vendas e fluxos de caixa, eles sinalaram com maior frequência a alta de preços das matérias primas. Mais da metade das empresas (54%) considera a alta de preços o fator chave (31% a mais do que em 2020). Os preços das matérias primas subiram gravemente em 2021, especialmente o petróleo cru, devido ao conflito na Ucrânia, o que intensificou as pressões comerciais no mundo, incluindo a região de Ásia Pacifico, pelo que o risco de ter problemas de fluxo de caixa está aumentando.

 

 

A pressão sob as margens comerciais das empresas asiáticas se incrementa

Atualmente, as empresas enfrentam um panorama complexo, caraterizado pelas interrupções à cadeia de suprimentos, as tensões geopolíticas e a inflação acelerada. O primeiro elemento da lista surgiu em 2022, quando a economia mundial repentinamente experimentou uma recessão profunda devido à crise pela COVID-19. Os obstáculos aos suprimentos persistiram em 2021, pelas novas variantes do vírus e o confinamento, mas eventualmente, o mundo voltou a se abrir e a demanda privada ricocheteou. Este fato, ampliou o abismo entre a demanda e a oferta de muitos produtos e matérias primas, provocando uma alta significativa dos preços. Em 2022, a pressão na cadeia de suprimentos mundial se reduziu, porém, foi revivida pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Já que ambos países ocupam posições predominantes no mercado global de matérias primas, o conflito elevou os preços destas; puxando os salários e a inflação a alta. Além disso, também impactou a credibilidade comercial e nos custos de produção.
Após as pressões moderadas em 2021, os países asiáticos começam a registrar um rápido aumento inflacionário, sobretudo em produtos comestíveis e energéticos. Em algumas economias asiáticas, a taxa de crescimento do IPC excedeu os objetivos dos bancos centrais. Este foi o casso da Tailândia, onde o PCI teve um aumento anual maior do que as metas inflacionarias dos bancos centrais (3%), em maio, pelo quinto mês consecutivo. As metas inflacionarias também se excederam em Austrália, Índia e Filipinas. Depois de 10 meses de deflação (2020/2021), no Japão, a inflação ultrapassou a meta de 2,5% do Banco de Japão, em abril. Para encarar o encarecimento dos custos de vida, alguns países decidiram aumentar os salários, para que os consumidores sobrelevarem a situação. Os dados revelam que em Japão, Coreia do Sul e Singapura, a média de crescimento do salário acelerou desde 2021. No Sudeste Asiático, a Malásia incrementou o salário mínimo a 35%, em maio de 2022. Se espera que o incremento salarial também seja levado a cabo em Filipinas, em junho, e em Vietnam, no mês seguinte.

“A melhora das condições econômicas, em 2021, contribuiu notavelmente à prolongação das moras de pagamento na região Ásia Pacifico, porém, as empresas continuam enfrentando riscos creditícios, já que muitas reportaram mais pagamentos vencidos. Além disso, as empresas sofreram moras de pagamento ultralongas, que ultrapassam 10% de suas faturações anuais, sobretudo na China e em menor medida na Austrália e na índia”comentou Bernard Aw, economista da Coface na região Ásia Pacifico.

 

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